quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Próxima Exibição: O Ciclo - 03/12/2011


O FILME:
Vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza, mas censurado no Vietnã,  seu próprio país. O diretor Anh Hung Tran ganhou o direito de filmar nas ruas da cidade de Ho Chi Minh por conta do sucesso de seu filme anterior, O Cheiro da Papaya Verde, que produzira resultados que em nada afetavam o governo do país, seguindo um estilo contemplativo e inocente. Os dois filmes citados, e mais um posterior, seriam nomeados pela crítica como Trilogia do Vietnã. O Ciclo segue a linha mais radical da "trilogia", realçando a estética em contraste com a pobreza do país asiático. O diretor segue uma narrativa "contemplativa" pra exibir uma história cheia de personagens que se cruzam, criando um ambiente complexo e realista; ao mesmo tempo, busca exibir o Vietnã ainda arcaico inserido num mundo globalizado. É nessa contradição entre o moderno e o tradicional que O Ciclo exibe um país marcado pela cultura ocidental, mas em condições típicas do subdesenvolvimento.

O DIRETOR:
Anh Hung Tran nasceu no Vietnã, mas mudou-se para a França ainda pequeno, com seus pais. Formou-se em Publicidade, mas logo encarou a carreira de cineasta. Seu primeiro filme, O Cheiro da Papaya Verde, foi bem recebido pela crítica, garantindo a ele participações em festivais e uma indicação ao Oscar. O sucesso de seu primeiro filme deu ao diretor a permissão do governo para filmar nas ruas do Vietnã (seu primeiro filme foi todo filmado em estúdio). O polêmico O Ciclo venceu diversos festivais, mas foi censurado pelo governo do país, (repetitivo) . Depois de tal fato, Anh Hung Tran não voltaria a ter a mesma relação com o governo de seu país. Permance ativo no cinema asiático e vive um casamento com a atriz Tran Nu Yên-Khê com quem trabalhou em seus três primeiros filmes.

Sinopse: Um jovem condutor de riquixá tem sua bicicleta furtada e fica endividado com a mulher que a alugava. Ela o manda para Poet, um gângster e cafetão que, por sua vez, o faz cometer atos de vandalismo e pequenos furtos para saldar sua dívida. Ele não sabe que Poet também persuadiu sua irmã a trabalhar como prostituta, atendendo clientes ricos que pagam em dólares americanos. Os dois irmãos são levados à corrupção sob o controle do mesmo homem.
País: Vietnã
Ano: 1995

DATA DE EXIBIÇÃO: 03/12 (SÁBADO)
LOCAL: Complexo de Comunicação da Faculdade Integrada Tiradentes, Fits (último bloco)
ENTRADA FRANCA
HORA: 15:00

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Próxima Exibição: O Homem que Virou Suco - 12/11/11



O FILME:
Produzido em 1981, ainda sob o governo militar, o filme de João Batista de Andrade é uma ode aventureira, nada convencional, sobre a migração nordestina para a maior cidade do país. Longe de buscar um dramalhão social, o filme surpreende com seu humor e ironia, destacando pontos importantes da luta social no Brasil. As greves dos metalúrgicos do ABC, a precária situação dos migrantes que chegam em São Paulo e a violência policial dão o tom de toda a trama. Seu grande diferencial está no personagem central, que vai a São Paulo não pra ganhar a vida como operário, mas como poeta. O filme foi vencendor de vários prêmios no Brasil e no exterior, tendo vencido o Festival de Moscou. Vale sempre destacar a ótima atuação de José Dumont e a trilha-sonora de Vital Farias.

O DIRETOR:
Escritor, roteirista, cineasta e ativista político, João Batista de Andrade começou sua carreira cinematográfica fazendo parte do “Grupo Kuatro”. Seus filmes sempre dão ênfase  às lutas políticas e sociais brasileiras. Entre seus filmes destacam-se Doramundo (1978), O País dos Tenentes (1987) e O Tronco (1998). Permance ainda ativo no cinema brasileiro.

Sinopse: Deraldo (José Dumont) é um poeta popular nordestino recém-chegado a São Paulo, que sobrevive de suas poesias e folhetos. Ele é confundido com um operário de uma multinacional que matou o patrão na festa em que recebia o título de operário símbolo.
País: Brasil
Diretor: João Batista de Andrade
Ano: 1981
Elenco: José Dumont, Aldo Bueno, Rafael de Carvalho, Ruthinéa de Moraes, Denoy de Oliveira, Dominguinhos, Ruth Escobar, Vital Farias



DATA DE EXIBIÇÃO: 12/11 (SÁBADO)
LOCAL: Complexo de Comunicação da Faculdade Integrada Tiradentes, Fits (último bloco)
ENTRADA FRANCA
HORA: 14:30

Mapa da Faculdade Integrada Tiradentes (Fits):

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MOSTRA: As Mulheres de Fassbinder

O cinema de Fassbinder  tem alma!  A alma do próprio artista, Fassbinder, e a alma de toda uma nação, a Alemanha!


Cena de "Bolwieser", filme que abrirá a Mostra.
Fassbinder e a atriz Rosel Zech no filme "Veronika Vöss".

Enfant terrible do cinema alemão, homossexual assumido, Rainer Werner Fassbinder carrega para suas obras, segundo ele mesmo, uma sensação de deslocamento que beira o desespero e o isolamento completo. Não cai, porém, no clichê do cineasta gay; suas obras nunca tiveram os temas focados na homossexualidade, embora possuam, como ele já afirmou, uma “sensibilidade homossexual”.

Máscaras são levantadas por seus complexos personagens que parecem não ter lugar para assumir suas verdadeiras identidades. Foram tantas as jornadas que Fassbinder promoveu no decorrer de seus mais de 40 filmes, construídos ao longo de curtos 14 anos de carreira. Ele filmava o equivalente a uma obra a cada 100 dias!

Gênio criativo, produzia com fervor e espontaneidade. Era grande fã do alemão radicado nos Estados Unidos, Douglas Sirk, um papa do melodrama dos anos 50. Observando e subvertendo o “grande mestre”, desenvolveu um estilo  atrevido, debochado, elegante e inteligentíssimo. Decidiu pela amenização do sentimentalismo e uma estilização mais fria do gênero melodramático; o seu propósito, segundo suas próprias palavras, era o de criar filmes “como os de Hollywood, porém sem a hipocrisia”.

Cena de "Maria Braun", o mais premiado filme do diretor.
Fassbinder nunca foi uma unanimidade enquanto estava vivo, e talvez depois de sua morte também não. Faleceu aos 36 anos por uma overdose de cocaína, ainda hoje questionada enquanto suicídio. Fassbinder filmou seu país exaustivamente, abordando culturalmente, socialmente, geograficamente, e mesmo psicanaliticamente. Ele deitou a Alemanha em um divã e extraiu, através de sua análise, obras que até hoje os críticos consideram importantíssimas para a compreensão da sociedade alemã do pré e pós II Guerra. Fassbinder também tentava encontrar sua identidade, ou afirmá-la.  Mantinha relações explosivas e pessoais com seus atores, muitos deles  sendo seus amantes na vida fora das telas, e alguns deles ainda, levados à loucura pelo turbilhão do homem que não descansava. Assistir aos filmes do diretor é quase assistir uma biografia, com personagens reais.

Fassbinder adorava espelhos, amava os reflexos, e seus personagens eram os reflexos perfeitos para seus temas, para a Alemanha e para o próprio Fassbinder.

Cena de "Lola", último filme da Trilogia das Mulheres.
Nesta mostra realizada entre o Cineclube Projeção e Cine Ideário, exibiremos quatro filmes do genial realizador alemão, buscando paralelos em sua obra. Os quatro filmes que serão exibidos situam-se em quatro momentos diferentes da Alemanha do século XX, partindo da conturbada República de Weimar aos delírios do plano Marshal nos anos 50. Em meio a isto, tem espaço a história de 4 mulheres, vivendo em momentos distintos, com seus dramas pessoais que muito se ligam à própria condição da Alemanha. Não são, no entanto, um retorno a um momento histórico, mas sim, uma visão dura e crítica do diretor sobre a sociedade do momento da própria realização dos filmes. Estamos falando da Alemanha dos anos 70 e 80, momento de conservadores no poder, de “terroristas”, de movimentos de esquerda nas ruas. A Alemanha encontra-se dividida sob, de um lado, um modelo de doutrina comunista e, de outro, sob o julgo do capital internacional. É partindo dessa realidade que Fassbinder exibe o drama dos carros motores da economia alemã do pós-guerra: As mulheres.

Nunca um reflexo foi tão belo e cruel.

Informações das Sessões:
Dia 13 (quinta-feira) - "Bolwieser" (1977), 18:30h, no Ideário.
Dia 15 (sábado) - "O Casamento de Maria Braun" (1979), 18h, no sebo Dialética.
Dia 20 (quinta-feira) - " O Desespero de Veronika Voss" (1982), 18:30h, no Ideário.
Dia 22 (sábado) - "Lola" (1981),18h, no sebo Dialética.

ENTRADA FRANCA!




Endereço:
Cine Ideário: Rua Gerson Wanderley, 410, Cruz das Almas
Sebo Dialética: Rua do Uruguai, nº 110, Jaraguá (próximo ao Emilia Clark na rua da Capitania dos Portos).

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Próxima Exibição: Paisagem na Neblina - 10/09/11

O FILME:
Enigmática obra do cinema europeu dos anos 80 e também um divisor de águas  na carreira do diretor grego Theodoros Angelopoulos. O filme ainda possui muitas carecteristicas que marcariam seu estilo, tanto cinematograficamente quanto no tema. O que faria esse filme ser tão marcante é o inicio de uma fase de grande subjetividade, onde o retorno a infância e a busca de uma visão desta seria marca presente nos filmes futuros do diretor. Essa subjetividade mantém um elo de uma perspectiva política, buscando siginificados e compreensões para o declinio da luta e dos regimes de esquerda na europa balcânica no final dos anos 80. Sua critica às fronteiras (que mais tarde seria tão bem utilizada para descrever o horror das guerra da divisão da Iugoslávia), é marca registrada nesse filme, onde os personagens não vêem muros concretos, mas acabam fadados ao isolamento e a prisão.

O DIRETOR:
Sem dúvida o mais consagrado e famoso diretor grego, ficou conhecido por seu estilo cinematografico e por seus temas referentes a região onde mora. Sempre voltado para a história e para as questões balcânicas, mostrou-se um critico e humanista nas questões que envolvem essa região da europa. Ficou conhecido por suas tomadas longas (que nos remete a diretores como Miklós Jancsó), onde buscou o máximo entre tempo dramatico e o que o compem externamente. O tempo sempre foi muito bem trabalhado em seu filmes. Ex-militante de esquerda, estudou direito e literatura antes de se envolver com o cinema. Foi crítico de cinema numa revista de esquerda e sempre manteve uma visão politica sob as mudanças ocorridas dentro e fora de seu país.

Sinopse: Dois irmãos ainda crianças partem em um trem para a Alemanha, onde supostamente vive o pai que nunca conheceram. Durante a viagem, eles enfrentam sérias dificuldades e são obrigados a amadurecer, abandonando precocemente a infância. Vencedor do Prêmio de Melhor Filme Europeu.
País: Grécia
Diretor: Theodoros Angelopoulos
Ano: 1988
Elenco: Tania Palaiologou, Michalis Zeke, Stratos Giorgigoglou, Eva Kotamanidou, Aliki Georgouli


DATA DE EXIBIÇÃO: 10/09 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Exibições 2011: PROGRAMAÇÃO DE SETEMBRO

"PAISAGEM NA NEBLINA"

Prêmio de Melhor Filme Europeu




Sinopse: Dois irmãos ainda crianças partem em um trem para a Alemanha, onde supostamente vive o pai que nunca conheceram. Durante a viagem, eles enfrentam sérias dificuldades e são obrigados a amadurecer, abandonando precocemente a infância.
País: Grécia
Diretor: Theodoros Angelopoulos
Ano: 1988

DATA DE EXIBIÇÃO: 10/09 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00



SESSÃO ESPECIAL 1 ANO DE CINE CLUBE PROJEÇÃO

Exibição de 2 filmes produzidos em comemoração aos 100 anos de cinema.

 "SALVE O CINEMA"

Sinopse: Para homenagear o centenário do cinema, o diretor iraniano Mohsen Makhmalbaf resolveu fazer um documentário sobre pessoas que tentam entrar para esse mundo de sonhos. Ele publicou em um jornal do Teerã um pequeno anúncio, requisitando atores para um filme. Cinco mil candidatos se apresentam, provocando um tumulto inesperado.
País: Irã
Diretor: Mohsen Makhmalbaf
Ano: 1995

"UM TRUQUE DE LUZ"

Sinopse: Essa é a história de Gertrud, a menina que foi testemunha do nascimento do cinema, já que era filha de um dos irmãos Skladanowsky, inventores do bioscópio, a primeira versão do projetor de filmes. Com bom-humor e paixão, Wim Wenders resgata de forma carinhosa as muitas experiências com as imagens de Max e Emil, que se dedicaram de corpo e alma àquela forma de arte até então desconhecida.
País: Alemanha
Diretor: Wim Wenders
Ano: 1995

DATA DE EXIBIÇÃO: 24/09 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 14:30

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Próxima Exibição: Cinzas do Paraíso - 20/08/11

O FILME:
Segundo filme do diretor Terrence Malick é sem dúvida um de seu mais rigorosos visualmente. O triangulo amoroso entre empregado e patrão funciona como base para uma fantástica reconstrução da vida e das relações no meio rural dos Estados Unidos no inicio do século XX. A fotografia primorosa de Nestor Almendros (famoso parceiro do francês Eric Rohmer) é de um rigor que impressiona a cada ano que passa. Boa parte das cenas foram rodados em dois momentos do dia: ao amanhecer e entardecer. Indispensavel não citar a maravilhosa trilha-sonora do italiano Ennio Morricone (Era uma vez no Oeste) na qual buscou inspiração em compositores clássicos como Saint-Saens na produção da música tema. "Cinzas do Paraíso" foi o primeiro filme do diretor a ser premiado em Cannes, vencendo o prêmio de Melhor Diretor.

O DIRETOR:
Terrence Malick sempre foi um nome curioso do cinema norte-americano. Surgiu numa fase de ouro do cinema americano para novos cineastas (Scorsese, Coppola, Bogdanovich). Apesar disso, nunca foi um nome pra grandes bilheterias e produções. Em 40 anos de carreira dirigiu apenas 5 filmes e ficou quase 20 anos sem dirigir. Malick se formou em filosofia e trabalhou como jornalista em revistas como Life. Foi também responsavel por revelar atores como Richard Gere (Cinzas do Paraíso) e consagrar nomes como Martin Sheen (Terra de Ninguém). Foi vencedor em 2011 da Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes por "A Árvore da Vida".

Sinopse: No início do século XX, Bill e Abby formam um jovem casal que vive e trabalha em Chicago, mas passa a imagem que são apenas irmãos. Quando decidem ir para o sul trabalhar nos campos, em companhia de uma garota, vão parar em uma fazenda no Texas, onde o proprietário se apaixona pela "irmã". Porém, quando o casal descobre que ele está gravemente enfermo e tem pouco tempo de vida, considera o momento adequado para ela aceitar a proposta de casamento, a fim de receber todos os benefícios de tal união.
País: Estados Unidos
Diretor: Terrence Malick
Ano: 1978

DATA DE EXIBIÇÃO: 20/08 (SÁBADO)
LOCAL: Café e Cultura (Rua Hélio Pradines no bairro da Ponta Verde, ao lado do INEI-COC)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 17:00

domingo, 7 de agosto de 2011

Próxima Exibição: Nenhum a Menos - 13/08/11

O FILME:
"Nenhum a Menos" do diretor chinês Zhang Yimou é uma bela mistura de comédia e drama que na verdade procura exibir um painel sobre as dificuldades e desafios da educação em países emergentes. Para isso o diretor utilizou como cenário uma pequena comunidade no interior da China, mostrando o drama de uma garota com apenas 13 anos que recebe a difícil missão de substituir e manter todos os alunos de uma escola primária nas aulas regularmente, até que o professor efetivo retorne de uma viagem. Um fato interessante é de que pra realização deste filme, foram usados apenas atores amadores sem nenhuma experiência com atuação. Nesse sentido buscou que todos interpretassem suas próprias vidas com suas dificuldades. O filme foi vencedor de diversos prêmios internacionais, incluindo o Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza (o segundo na carreira do diretor).

O DIRETOR:
Zhang Yimou é considerado um dos principais nomes do cinema contemporâneo chinês. Começou a carreira nos anos 80 tendo seu primeiro longa (Sorgo Vermelho) agraciado com o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim em 1987. Nos anos 90 se destacou com dramas históricos na China anterior a Revolução. Nesses filmes é destaque a parceria com a atriz Li Gong com quem trabalhou em 6 filmes incluindo o já consagrado "Lanternas Vermelhas" (1991). Nessa fase se destacaram os filmes "A História de Qiu Ju" (Vencedor do Leão de Ouro), "Lanternas Vermelhas", "Tempo de Viver" (Prêmio do Júri no Festival de Cannes) e o injustiçado thriller "Operação Xangai". A partir dos anos 2000 buscou trabalhar com épicos de Kung-Fu onde se destacam "Herói" (2002) e "O Clã das Adagas Voadoras" (2004). Zhang Yimou foi um dos responsáveis pela abertura das Olimpíadas na China em 2008.

Sinopse: Gao é professor da Escola Primária Shuiquan e precisa sair de licença para cuidar da mãe doente. Em um lugar distante e pobre, a única pessoa que aceita substituir o professor é uma menina de 13 anos - Wei Minzhi. Ela não tem experiência alguma, mas sua missão é manter todos os alunos na escola, evitando assim a forte onda de evasão escolar. Mas um dos garotos é obrigado a sair para procurar trabalho na cidade. Wei não se conforma, e para trazê-lo de volta inicia uma jornada à procura de seu aluno na cidade grande.
País: China
Diretor: Zhang Yimou
Ano: 1999

DATA DE EXIBIÇÃO: 13/08 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Próxima Exibição: Desencanto - 27/07/11

Sobre Desencanto:
Obra intimista mas de grande beleza dirigido pelo cineasta inglês David Lean (Lawrence da Arábia). Vemos aqui um belo filme sobre amor e traição, onde David Lean demonstra uma capacitade imensa de retratar os mais diversos sentimentos humanos. Ainda longe dos épicos que fariam nas décadas seguintes que lhe rendeu o status de um dos mais importantes diretores britânicos do cinema, David Lean demonstra com uma competência imensa que sabe lidar com pequenos orçamentos e produzir grandes filmes. Esse é o caso de Desencanto que venceu o Grande Prêmio no Festival de Cannes em 1945.

Sobre David Lean:
É considerado um dos mais importantes diretores ingleses. Famoso por seu épicos de guerra, que tanto lhe renderam fama e lhe garantiu o topo das bilheterias, foi acima de tudo um artesão que se preocupava com cada detalhe no set e em cada ângulo filmado. No inicio da carreira trabalhou com filmes mais intimistas. Um diretor de uma precisão incrivel que lhe rendeu a fama por tamanho perfeccionismo que fez de algum de seus filmes os mais caros da década. Foi premiado 2 vezes com o oscar de melhor filme por "A Ponte do Rio Kwai" em 1957 e "Lawrence da Arábia" em 1962 contabilizando um total de 28 oscars na carreira.

Sinopse: O médico Alec e a dona-de-casa Laura se conhecem por acaso em uma estação de trem. A partir daí, os dois, casados, passam a se encontrar toda semana no mesmo lugar. A amizade cresce e acaba virando um amor impossível.
País: Inglaterra
Diretor: David Lean
Ano: 1945
Elenco: Celia Johnson, Trevor Howard, Stanley Holloway, Joyce Carey, Cyril Raymond, Everley Gregg, Valentine Dyall, Margaret Barton

DATA DE EXIBIÇÃO: 27/07 (QUARTA-FEIRA)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00 

sábado, 9 de julho de 2011

Próxima Exibição: Pasqualino Sete Belezas - 13/07/11

Sobre Pasqualino Sete Belezas:
Obra magistral da italiana Lina Wertmüller, foi um de seus trabalhos em parceria com o ator Giancarlo Ganinni que renderam diversos filmes. Em Pasqualino, Lina nos remete a era do fascismo e da Segunda Guerra Mundial, e nos brinda com uma grande interpretação de Giancarlo e com um roteiro que carrega uma bela e dura experiência sobre vida e política tão bem incorporada em sua obra.

Sobre Lina Wertmüller:
Diretora natural da Suíça, produziu uma carreira vasta e ao lado de poucos nomes femininos de destaque no cinema italiano dos anos 60, 70 e 80 sendo a primeira mulher a ser indicada ao oscar de melhor diretor. Seu cinema e com ênfase no período em que trabalhou com o ator Giancarlo Gianinni sempre buscou uma originalidade mesclando objetos da vida cotidiana e política abrindo um painel da história italiano no século XX. Entre seus filmes mais importantes estão "Mimi, o Metalurgico", "Amor e Anarquia" e " Por Um Destino Insólito". Permanece até hoje ativa no cinema europeu.

Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, o italiano Pasqualino Frafuso (Giancarlo Giannini) deserta do exército. Os alemães o capturam e o enviam para um campo de concentração, onde faz quase qualquer coisa para sobreviver. Em flashbacks, é vista a família dele com sete irmãs sem atrativo (as sete belezas), como Pasqualino cometeu o assassinato do amante de uma irmã, a confissão dele e a prisão, sua calculada troca para um asilo, seu estupro de uma paciente e como decidiu volutariamente ser um soldado para escapar do asilo. Para desgoto de uma obesa carcereira alemã, Pasqualino tem um caráter fraco e covarde, mas que o permite sobreviver na guerra e voltar a Nápoles, onde ele tem um plano para sobreviver até a próxima catástrofe mundial.

País: Itália
Diretora: Lina Wertmüller
Ano: 1975
Elenco: Giancarlo Giannini, Fernando Rey, Shirley Stoler, Enzo Vitale, Elena Fiore, Piero Di Iorio, Roberto Herlitzka, Lucio Amelio, Ermelinda De Felice

DATA DE EXIBIÇÃO: 13/07 (QUARTA-FEIRA)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00

domingo, 3 de julho de 2011

Exibições 2011: PROGRAMAÇÃO DE JULHO

"PASQUALINO SETE BELEZAS"


Sinopse: O italiano Pasqualino deserta do exército, é capturado e enviado a um campo de concentração. Lá, lembra de sua família, suas sete irmãs e as histórias conflituosas que surgem em flashbacks.
País: Itália
Diretora: Lina Wertmüller
Ano: 1975
Elenco: Giancarlo Giannini, Fernando Rey, Shirley Stoler, Enzo Vitale, Elena Fiore, Piero Di Iorio, Roberto Herlitzka, Lucio Amelio, Ermelinda De Felice

DATA DE EXIBIÇÃO: 13/07 (QUARTA-FEIRA)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00

"DESENCANTO"


Sinopse: O médico Alec e a dona-de-casa Laura se conhecem por acaso em uma estação de trem. A partir daí, os dois, casados, passam a se encontrar toda semana no mesmo lugar. A amizade cresce e acaba virando um amor impossível.
País: Inglaterra
Diretor: David Lean
Ano: 1945
Elenco: Celia Johnson, Trevor Howard, Stanley Holloway, Joyce Carey, Cyril Raymond, Everley Gregg, Valentine Dyall, Margaret Barton

DATA DE EXIBIÇÃO: 27/07 (QUARTA-FEIRA)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Próxima Exibição: Alice ou a Última Fuga - 29/06/11

Sobre Alice ou a Última Fuga:
Obra obscura e surreal do francês Claude Chabrol. Boa parte de sua carreira fora conhecida por filmes que retratassem mentes criminosas e intrigas da burguesia. Em Alice, Chabrol mantêm seu caracteristico tom de intriga e suspense, mas o coloca num plano além do imaginário criando um ambiente castrofóbico. Nesta obra a personagem feminina chave das obras de Chabrol é interpretada pela sex symbol dos anos 70, Silvia Kristel (famosa nessa década pela série de filmes eróticos "Emmanuelle").

Sobre Claude Chabrol:
Um dos principais nomes do movimento Nouvelle Vague ao lado de Truffaut, Godard e Rohmer, foi um dos primeiros redatores da famosa revista francesa Cahier du Cinema a começar sua carreira cinematográfica. Bastante influênciado pelo cinema de Hitchcock e Clouzot, buscou nos dois o que seria conhecido como seu estilo que tanto se diferenciava de todos os realizadores do movimento. Morreu em 2010 aos 80 anos deixando uma filmografica de mais de 70 filmes. Em seus filmes são sempre lembrados pelos personagens feminino como nome de Hélene. Sua esposa, a atriz Stéphane Audran, interpretou boa parte delas.

Sinopse: O filme conta a história de Alice Carol, bela esposa que decide deixar o marido e a vida burguesa que não suporta mais. Ela parte de carro sem destino até que o parabrisa quebra, forçando-a a parar em uma velha casa, onde conhece um senhor que encontra-se já à sua espera.
País: França
Diretor: Claude Chabrol
Ano: 1977
Elenco: Sylvia Kristel, Charles Vanel, André Dussollier

DATA DE EXIBIÇÃO: 29/06 (QUARTA-FEIRA)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00

domingo, 12 de junho de 2011

Próxima Exibição: Paris, Texas - 18/06/11

Sobre Paris, Texas:
Vencedor da Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes em 1985, o filme logo se tornou um marco da cultura pop dos anos 80. O diretor alemão Wim Wenders sairia de seu país de origem (Alemanha) para filmar em solo norte-americano aquele que seria uma de suas maiores obras. Um drama sobre a busca de um tempo perdido e a liberdade. No elenco a atriz alemã Nastassja Kinski que naquela época tornara-se uma dos maiores incones do cinema dos anos 70-80. No cenário pop dos anos 80, o filme inspirou o álbum The Joshua Tree da banda irlandesa U2  e o vocalista da banda Nirvana, Kurt Cobain, afirmou ser seu filme favorito.

Sobre Wim Wenders:
Surgiu como um dos principais e mais reconhecidos nomes do Novo Cinema Alemão ao lado de diretores como Rainer W. Fassbinder e Werner Herzog. Produziu nos anos 80 dois marcos do cinema da época: Paris, Texas e Asas do Desejo. Foi premiado em diversos festivais internacionais incluindo o de Veneza e o de Cannes. Também é fotógrafo, dramaturgo e escritor.

Sinopse: Um homem (Harry Dean Stanton) é encontrado exausto e sem memória, em um deserto ao sul dos EUA. Aos poucos ele vai se recordando de sua vida, sendo acolhido pelo irmão Walt (Dean Stockwell), que é casado com Anne (Aurore Clément). Com eles vive também Alex (Hunter Carson), filho do homem sem memória, que aos poucos volta a se identificar com o pai.
País: Alemanha
Diretor: Wim Wenders
Ano: 1984

DATA DE EXIBIÇÃO: 18/06 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 14:30

domingo, 29 de maio de 2011

Exibições 2011: PROGRAMAÇÃO DE JUNHO

"PARIS, TEXAS"

Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes


Sinopse: Um homem (Harry Dean Stanton) é encontrado exausto e sem memória, em um deserto ao sul dos EUA. Aos poucos ele vai se recordando de sua vida, sendo acolhido pelo irmão Walt (Dean Stockwell), que é casado com Anne (Aurore Clément). Com eles vive também Alex (Hunter Carson), filho do homem sem memória, que aos poucos volta a se identificar com o pai.
País: Alemanha
Diretor: Wim Wenders
Ano: 1984
Elenco: Nastassja Kinski, Harry Dean Stanton, Sam Berry, Bernhard Wicki, Dean Stockwell, Aurore Clément, Claresie Mobley, Hunter Carson, Viva, Socorro Valdez, Edward Fayton

DATA DE EXIBIÇÃO: 18/06 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 14:30

"ALICE ou A ÚLTIMA FUGA"


Sinopse: O filme conta a história de Alice Carol, bela esposa que decide deixar o marido e a vida burguesa que não suporta mais. Ela parte de carro sem destino até que o parabrisa quebra, forçando-a a parar em uma velha casa, onde conhece um senhor que encontra-se já à sua espera.
País: França
Diretor: Claude Chabrol
Ano: 1977
Elenco: Sylvia Kristel, Charles Vanel, André Dussollier

DATA DE EXIBIÇÃO: 29/06 (QUARTA-FEIRA)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA FRANCA
HORÁRIO: 15:00

Dirceu Lindoso comenta "Vá e Veja"


UM FILME DE ELEM KLIMOV

Assunto: O filme trata da invasão da então União Soviética, por tropas alemães nazistas, pela Bielo-Rússia. Trata da surpresa do ataque, e sua forma violenta de ataque, matando as populações soviéticas do aquém Vístula, a reação do exército soviético aos ataques e as primeiras formas de resistência por parte da população bielo-russa. Começa com a crueldade do ataque da aviação e do exército nazista. O inesperado para a população camponesa e o cerco de Minski, a capital da Bielo-Rússia. Traduzido, o nome bielo-russia significa Rússia-Branca. É uma das etnias do vasto mundo russo, e constituída em nação. O mundo da velha Rússia é todo cheio de diversidades étnicas, mas que juntas formam um bloco étnico diferente do bloco étnico europeu ocidental. É que a Rússia não foi conquistada, na Antiguidade, pelo Império Romano, apesar da guerra que os romanos lá faziam para aprisionar as gentes eslavas para escravos de Roma e de suas províncias. Daí que escravo, que se dizia em latim servus, ter sido substituído pelo termo eslavo=escravo.
O filme de Elem Klimov possui várias leituras cinematográficas. Para entendê-las, é preciso conhecer a história da Rússia antes de 1917, como se constituía sua sociedade rural, ainda mergulhada nas formas históricas do campesinato do império russo e de sua formação depois de 1917 e de sua Revolução Socialista e Republicana, que ainda não tinha feito uma revolução industrial, como a que tinha feito no século XVIII a Europa Ocidental na Inglaterra e nos Países Baixos.
Neste esquema social do Império Russo antes de 1917, o campesinado da Rússia Imperial era formado de uma massa camponesa sem terra, e que constituía uma massa de trabalhadores rurais na condição de servos da gleba. Que eram, pois, os servos da gleba? Eram uma massa humana de trabalhadores rurais que habitavam os grandes domínios territoriais, e deles faziam parte. Como assim? Não eram escravos como conhecemos aqui no Brasil, negros trazidos das comunidades primitivas de África sob a forma de mercadorias, e vendidos nos mercados negreiros como mercadorias. Não era assim. Os servos da gleba, chamados de almas, não eram vendidos como mercadorias como os escravos africanos no Brasil. Os servos da gleba não eram vendidos à maneira dos escravos africanos nos mercados de escravos do Brasil. Os servos não pertenciam aos donos dos domínios territoriais, pertenciam à terra em que viviam, e só podiam ser vendidos se com eles os donos dos domínios territoriais vendessem também suas terras. O servo da gleba pertencia, pois, à terra, à propriedade, e era parte indissolúvel dela. Numa venda de propriedade os servos iam com a terra, como parte dela, e não era um bem mercantil independente da propriedade rural. Para os senhores rurais vender os servos tinham que junto, numa venda única, vender os servos da gleba, suas almas.
A partir do início do século XIX começou a fragmentação dos grandes domínios rurais do Império Russo, e se começou a formar uma classe de médios proprietários rurais: os kulaks. Palavra que na língua russa quer dizer punho, pois era com ele que os proprietários batiam em ser servos ou almas, castigando-os. E com essa nova classe de proprietários rurais começou a fragmentação das grandes proprietários. Quando estive na Rússia me hospedei na Estrada de Rolamcolamski, na dacha que diziam ter sido da família de Trotski, cujo pai era um rico kulak. Trotski passou para o socialismo, mas o pai , não. E Trotski se transformou num dos maiores líderes bolcheviques, mas o pai dele continuou um kulak.


Foi essa massas de servos da gleba que formava, durante as revoluções de 1905 e 1917, o campesinato revolucionário do Império Russo. A Rússia, durante o Império, tinha um operariado pouco numeroso, que se concentrava em Moscou, São Petersburgo e Letônia. O palácio do Inverno, em São Petersburgo, foi tomado pela liderança letã dos bolcheviques, do então operariado russo.


Para se compreender esse filme de Elem Klimov é preciso que se tenha em mente esses dados. O que os alemães prendem em armazéns rurais e incendeiam os prédios, matando mulheres, crianças e homens, era o povo russo saído do campesinato imperial, e com o socialismo transformados em trabalhadores de fazendas coletivas.


No filme de Elem Klimov há três linhas essenciais de interpretação: a da composição do povo russo das fazendas coletivas, um povo que não era mais o de servos da gleba; e a de interpretação dos prisioneiros alemães e russos pro-alemães: diz o oficial alemão, que mandou tocar fogo nos barracões cheios de trabalhadores rurais e suas famílias: Há povo que não merecer o futuro. Frase eminentemente nazista; e a última, quando aparece numa série as imagens dos nazista sendo metralhados, uma imagem simbólica admirável, e nas quais por último aparece a de Hitler criancinha nos braços de sua mão. Uma criancinha como qualquer outra, inocente e alegre, que nada se parece com o Hitler político que atacou a Rússia Soviética. Uma lição excelente de coisas: que o homem é um ser diferenciado. Nasce um, e a cultura o transforma em outro. O Hitler criança, não tem nada que ver com o Hitler político. A maldade não está na biologia, nascer homem e mulher, e ser crianças, mas na cultura que cada um recebe e nela se forma. E nela tem sua forma de morrer. Pela biologia nascemos, todos do mesmo jeito: chorando, espantados, movendo os pés, agarrando o peito da mãe para mamar, botando o que pega com as mãos pondo na boca. O terrível vem quando entramos na cultura, porque é na cultura que se gera o crime. Por que é na cultura que se mata. A biologia é apenas a forma da gente nascer e morrer. Viver se vive na cultura. E morrer, se morre acompanhado da cultura.

Dirceu Lindoso (escritor, historiador e Doutor Honoris Causa pela UFAL)

sábado, 21 de maio de 2011

Próxima exibição: Vá e Veja - 28/05/11

Sobre Vá e Veja:
Considerado mundialmente como um dos mais chocantes e melhores filmes contra a guerra já produzido, a obra de Elem Klimov ainda hoje impressiona com o mesmo vigor. Um drama que nos remete a um terror psicológico onde sua realidade beira a um surrealismo do absurdo. Até hoje, nenhum filme conseguiu levar o terror da segunda guerra mundial de forma tão crua, violenta e ao mesmo tempo tão genialmente quanto. Foi um dos poucos filmes que buscou levar as telas uma visão menos heróica e mais trágica da guerra, focalizando-se nos efeitos que este evento acarretou na população civil soviética onde quase 10 milhões de pessoas morreram ou foram dizimadas por tropas nazistas. Este foi o último filme do diretor que foi agraciado com o Prêmio de Melhor FIlme no Festival de Moscou.

Sobre Elem Klimov:
Jornalista, aviador e cineasta, estudou na mais renomada escola de cinema da então URSS, a VGIK. Começou sua carreira nos anos 60 tendo seus primeiros filmes censurados momentanemente pelo regime comunista por causa de sua critica a burocracia e a sociedade da época. Com a morte trágica de sua esposa (a também diretora Larisa Shepitko) voltou-se para um cinema de temas trágicos e de revisão da história russa no século XX. Entre esses filmes estão Agônia (1981), A Despedida (1983) e Vá e Veja (1985).

ABERTURA COM O HISTORIADOR DIRCEU LINDOSO
Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, na Bielorússia, um menino se une a um grupo de resistência anti-nazista. Ele descobre que toda sua família foi morta e, aos poucos, vai perdendo a inocência ao testemunhar os horrores da guerra.
País: Rússia
Diretor Elem Klimov
Ano: 1985

DATA DE EXIBIÇÃO: 28/05 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA: FRANCA
HORÁRIO: 14:30

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Comentando "Gosto de Cereja"











Todo homem necessita duma paisagem que renegue a previsibilidade do reconhecível. Branda ou enérgica, essa necessidade elucida os sonhos, inclina as ânsias que não são de sonhos advindas e organiza a substância utópica doutros sonhos dentro do enunciado material onde a vida intimida os desdobramentos possíveis do cotidiano. Ela é o segmento mais acompanhante da vida; quem valida o infinito de intimidade feita para a objetividade das dúvidas do mundo, e quem introjeta nas certezas do mundo a séria solidão do fato. Com o seu fim, a vida deixa de enxergar a morte como desafio aos desejos não realizados, através duma dezaprendisagem do acaso como argumento impressivo.

PARAGENS SIMBÓLICAS


1) A primeira pessoa que Badi faz entrar em seu carro é um rapaz. Um pouco assustado pela subta carona, o jovem mal fala e responde às perguntas quase que monossilabamente. Esse susto transforma-se em angustia quando Badi lhe diz seu plano suicida, pedindo-lhe ajuda para realizá-lo. Cada vez mais angustiado, fica explícito que o jovem aguarda uma oportunidade para fugir do carro. Quando enfim o faz, Badi - passivamente? - apenas o observa: sua velocidade, para onde corre. Nesse momento, sua visão é desviada para um bando de corvos (urubús?) que também estão indo, pelo céu, mais ou menos na mesma direção que o rapaz.
Nota-se que esse panorâma garante duas metáforas paralelas, permitidas pela visão do protagonista, e alternadas entre um símbolo que acabara de se encher de significado e outro, cujo significado já faz parte do uso comum (urubús? corvos?), ou seja, uma catacrese ( metáfora corriqueira que já perdeu o teor da subjetividade). Através da autonomia dessas duas metáforas, Abbas Kiarostami confecciona uma sublime sublime metafóra que representa com precisão o desengano e a lamúria do protagonista, pois este abserva quem poderia lhe enterrar, dando-lhe a paz que deseja para o suicidio, e logo em seguida observa urubús (corvos?) também se afastando, aqueles que poderiam fazer seu corpo desaparecer, caso morresse e não fosse enterrado.
Ou seja: Temos então uma perfeita comfiguração do abandono da morte; a morte que não quer tocar a vida, porque a vida lhe quer tocar, justamente por não ser vida, mas prontidão para a morte.
2) Em diversos momentos do filme a câmera swai do interior do carro, para acompanhar o trajeto que ele está fazendo nesse instante, além do movimento do carro, há outro chamariz: a condição sinuosa, arenosa e montanhesca da paisagem.
Nota-se nessas situações que as vozes do diàlogo feito dentro do carro chegam até onde a câmera então está ( acima e distante). Com isso, cada voz parece perder a tassitura persuasiva de seu conteúdo, para aderir a uma reserva narrativa do ambiente. E essa sensação apenas se acentua quando o carro desaparece atrás paisagem, pois sequer vemos o carro, que, no campo de visão, ainda nos trasmitia uma tênue ligação com as pessoas que dialogavam; só escutamos as vozes, expressando acepções sobre a morte, a vida, a fé, a desesperança - o homem se entrelaçando com o que se aguarda também de toda natureza.
Ou seja: Em vez de pôr a natureza conduzindo-se espacial e temporalmente tal qual os sentimentos do homem, o diretor sugere sua estória por meio da involuntariedade do enredo. É como se a paiagem absorvesse a ebulição ficcional que se dá, a fim se provar quão básica e corriquira para a realidade é a ficção.


A OBJETIVIDADE DO DOCUMENTO E A BÊNÇAO DA FICÇÃO


A ótica de kiarostami inculca no cinema a objetividade do documento e a benção da ficção. A permuta entre esses dois polos realiza-se quando o real concentra-se no enfrentamento de seus excessos e o fictício exercita o esvaziamento da sua contínua inconclusão. Deste modo, esta obra do cineasta não se reveste de paredes interpretativas, mas altera esse poder da ficção, transformando-o em um retilíneo escavador das noções superficiais; melhor dizendo, Gosto de cereja não é rico em significados, mas rico na cultura de profundidade das circunstâncias que se dão.
Um exemplo disso pode ser encontrado no que expus acima sobre a metáfora que o rapaz correndo significa e a metáfora que os corvos/urubús significam, pois na visão delas duas se tem a superfície (metáfora de uso comum, à tona do menor esforço de compreenssão e observação) e a profundeza (metáfora explodida pelo acúmulo do subjetivo, fresca, à tona apenas da observação perseverante ou regular).
.........................................................................................................................................
Bastante já se falou sobre a possível homossexualidade do protagonista de gosto de cereja, Badi. Acerca disso, desenvolvo um argumento tomando a substância do que acabei de dizer acima:
Apesar de ser patente a tensão entre o documento e o fictício, neste fillme, Abbas kiarostami sempre parte do primeiro. E como documentar é mais apreender do que intervir, extravasamentos e desvios surgem já rotulados pelo paralelo convencional do documento, o qual planeja sempre uma escassa decupagem sobre a temporalidade: indigestão conceitual ("despreparo", "incoerência").
Com kiarostami, entretanto, temos de localizar esse paralelo em sua interferência estilistica, a ficção, que não o aniquila, porque sua dependência do documento faz com que sua expressão exiga alguns suportes da intimidade dele. Assim, resolvemos essa indigestão com ambivalência, quando, em verdade, as paredes interpretativas revelam-se em circunstâncias sumariamente definidas dentro do concretamente apresentado.
Reflitamos afinal: se alguém toma a decisão plena do suicidio, a primeira coisa que irá fazer será maximizar a angustia através da vida de outrora que via na morte apenas inevitabilidade - pois é a partir daí que a vida de agora age, isto é, a vida que contém a angustia suicida converte essa irredutibilidade do destino em urgência duma profecia, cujas promessas se debatem entre o que o acaso apresenta como convergência e o que se apresenta como metafísica inculta.
Havia três vias pelas quais se podia seguir para configurar a homossexualidade (que fique claro desde já que o diretor nenhuma das três seguiu). 1) recorrear a diálogos que a denunciasse quando a explosão emocional estivesse sentenciando a atmosfera. 2) recorrer a estórias antecedentes. 3) apenas sugerir, partindo dum conjunto de olhares, gesticulações, escolhas de receptores/emissores.
Ainda que se possa extrair semelhanças entre esta última via e a que Abbas kiarostami utilizou, concluir isso faz-se uma forma direta de se opor ao olhar segmantado pelo diretor, pois (lembremos): seu filme parte do documento e termina nele, e só se serve de ferramentas ficcionais para marcar a sensibilidade de suas profundezas - Gosto de Cereja é a fatalidade do documento, o qual reune reivindicações dos estados introvertidos da ficção.
E qual documento é mostrado? O do suicídio! O iniíio e o fim do filme são o início e o fim da procura de Badi por alguém que o auxilie. Portanto, o início, onde estão as maiores sugestões de homossexualidade, também é o apogeu do atrito entre a decisão tomada e o que fez existir seu grande sofrimento. Isso ocorre porque a decisão migra de sua faixa de idealização para sua faixa de segmentação. Quando realmente se conscientiza de que se iniciou sua procura pelo fim, Badi injeta nos primeiros assédios justamente a homossexualidade porque quer desvalorizar a dúvida que provavelmente ela desenha sobre seu objetivo. Ser rejeitado, imprimindo a homossexualidade no ânimo dos assédios mais do que outra precisão qualquer, corrobora para Badi que sua decisão possui astucia e, sobretudo, sabedoria.
Sim, tal ato tem teores masoquistas, mas que, em sua essencialidade, pretende findar a dor para satisfazer-se, não conduzi-la. Vê-se: em Gosto de Cereja, o vício do significado está na imagem em esbanjamento; e a ficção que memoriza o fato em esbanjamento é o apetrecho do real surpreendido.

Bruno Malta (filmologia, cine clube projeção)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Próxima exibição: Gosto de Cereja - 14/05/11

Sobre Gosto de Cereja:
A obra do diretor iraniano Abbas Kiarostami trata de temas universais utilizando uma mistura de narrativa documental com ficção. Com este filme o diretor iraniano foi agraciado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes (o primeiro em sua carreira) e recebendo ainda dois prêmios internacionais. Gosto de Cereja se tornaria parâmetro para o próprio diretor realizar duas de suas obras posteriores. Os melhores exemplos estão em O Vento nos Levará (1999) por sua perspectiva de paisagem-automóvel e em sua obra de maior radicalização narrativo-documental, Dez (2001).

Sobre Abbas Kiarostami:
Kiarostami começou sua carreira em 1970, fazendo parte do movimento cinematográfico batizada de New Wave Persa, movimento que abriu novas portas para realizadores daquele país. Influenciado pelo estilo neo-realista italiano, logo passou para um cinema autoral que marcaria sua carreira. Entre seus filmes mais importantes estão Close-Up, Através das Oliveiras e E a Vida Continua. Foi ainda vencedor de 23 prêmios internacionais.

Sinopse: Senhor Badii, um homem de seus cinqüenta anos, está vagando em seu carro por pontos da cidade onde desempregados se oferecem para trabalhos avulsos e ocasionais. Ele tenta encontrar, em meio àquela gente, alguém disposto a entrar no seu carro e aceitar uma boa soma de dinheiro em troca de um pequeno favor... Passa, então, a dialogar com uma série de personagens que recebem a sua proposta com reações as mais variadas.
País: Irã
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1997

DATA DE EXIBIÇÃO: 14/05 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA: FRANCA
HORÁRIO: 15:00

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Exibições 2011: PROGRAMAÇÃO DE MAIO

"GOSTO DE CEREJA"

Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes













Sinopse: Senhor Badii, um homem de seus cinqüenta anos, está vagando em seu carro por pontos da cidade onde desempregados se oferecem para trabalhos avulsos e ocasionais. Ele tenta encontrar, em meio àquela gente, alguém disposto a entrar no seu carro e aceitar uma boa soma de dinheiro em troca de um pequeno favor... Passa, então, a dialogar com uma série de personagens que recebem a sua proposta com reações as mais variadas.
País: Irã
Diretor: Abbas Kiarostami
Ano: 1997
Elenco: Homayoun Ershadi, Abdolrahman Bagheri, Afshin Khorshid Bakhtiari, Safar Ali Moradi, Mir Hossein Noori
Trailer:

DATA DE EXIBIÇÃO: 14/05 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA: FRANCA
HORÁRIO: 15:00

"VÁ E VEJA"

Prêmio de Melhor Filme no Festival de Moscou

















ABERTURA COM O HISTORIADOR DIRCEU LINDOSO

Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, na Bielorússia, um menino se une a um grupo de resistência anti-nazista. Ele descobre que toda sua família foi morta e, aos poucos, vai perdendo a inocência ao testemunhar os horrores da guerra.
País: Rússia
Diretor Elem Klimov
Ano: 1985
Elenco: Aleksey Kravchenko, Olga Mironova, Liubomiras Lauciavicius, Vladas Bagdonas, Jüri Lumiste, Viktor Lorents
Trailer:

DATA DE EXIBIÇÃO: 28/05 (SÁBADO)
LOCAL: Auditório da Fits (Faculdade Integrada Tiradentes, Bloco C)
ENTRADA: FRANCA
HORÁRIO: 14:30